terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Compilation Vol. 2 - Metal Infecting the World

Não há como negar: a parceria entre a Anaites e a Metal Reunion Records proporcionou ao metal underground nacional um dos trabalhos mais bacanas dos últimos anos. Do melódico ao death metal, a compilação The Metal Infecting the World – que chega a sua segunda edição – tem o intuito divulgar dezesseis bandas que ainda buscam conquistar o seu espaço não só no Brasil, mas no mundo inteiro.

O texto representa a opinião do autor e não necessariamente a opinião do Whiplash! ou de seus editores.

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Em primeiro lugar, não há como não estabelecer um paralelo entre a The Metal Infecting the World e outras coletâneas. A maior dificuldade de projetos similares – como a extinta Paranoid Collection e a gaúcha Rock Soldiers – é selecionar bandas com registros de qualidade razoável em estúdio, pelo menos. As coletâneas, como é de se imaginar, dependem muito do trabalho individual de cada grupo para alcançar um resultado satisfatório. No caso da The Metal Infecting the World, no entanto, Hilderman Zartan (idealizador do projeto) parece ter conseguido uma boa média nesse quesito, apesar de alguns deslizes pontuais.

De maneira louvável, a compilação se esforçou para não concentrar bandas somente de um gênero ou de uma região do país. Na abertura do CD, a CHEMICAL DISASTER faz um evidente contraponto com a PRELLUDE. Enquanto que a primeira banda é eficiente na sua proposta death/black, o grupo seguinte apresenta um metal tradicional –tipicamente NWOBHM – com letras em português. Com composições igualmente na nossa língua, entretanto, a ABUSO VERBAL pratica um death/grindcore bastante forte e extremo na faixa “Soldado da Morte”.

Claramente, a próxima banda é um grande destaque da coletânea. Em uma composição recheada de melodia, a SILVER CRY faz um interessante power metal – diferenciado em comparação às tendências germânicas do estilo. No entanto, a gravação um pouco precária (a mixagem deixou a desejar) prejudicou relativamente a qualidade do instrumental do grupo. De outro lado, a PREDATORY contribuiu positivamente com a compilação em “Sickly Psychological Profile”, um ótimo thrash/death metal.

É de Cuba a maior surpresa do disco. A banda TENDENCIA executa um thrash metal ao estilo SEPULTURAda fase “Roots”: no entanto, com influências da música latina e com letras em espanhol. Da mesma forma que a execução de “Llanto del Desierto”, a gravação dessa faixa é de qualidade primorosa. Na participação seguinte, infelizmente outro contraponto: a gravação extremamente abafada do EVIL GRAVE prejudicou fortemente a participação da banda na coletânea.

De Mato Grosso do Sul, um novo nome do metal brasileiro ganha força em The Metal Infecting the World: a banda LEGACY, que faz um interessante metal tradicional com características bastante próprias. Da mesma forma, o THOR’S SONS faz uma união bastante particular entre o metal tradicional e tendências mais extremas – como o death. O registro em estúdio, no entanto, prejudicou as bandas seguintes em proporções diferentes: a complexidade da sonoridade da SKULL AND BONES foi minimizada, enquanto que a brutalidade do STODGY perdeu o peso dos riffs.

Com uma gravação que também comete pequenos deslizes, o metal melódico do SHADOWINGS não chegou a ser tão prejudicado em “Last Words of a King”, uma interessante composição da banda que traz, diferente de tantos outros grupos, uma dose de agressividade no instrumental. Na sequência (e encerramento) da compilação, duas bandas quem ainda podem trabalhar melhor a suas sonoridade – para não cair no senso comum – e outra que precisa caprichar dentro do estúdio. THE JOKKE (metal extremo) e FIRE ANGEL (metal tradicional) precisam elaborar de maneira eficaz a estrutura das suas músicas. A WILDCHILD mostrou criatividade (e obscuridade) em “Lies”, mas poderia alcançar um resultado mais satisfatório com tempo de produção.

Entre bandas interessantes e trabalhos razoáveis, a proposta da The Metal Infecting the World salienta o quanto diversificado é cenário brasileiro e como, se melhor trabalhado e divulgado, pode evoluir. O deslize da coletânea, entretanto, é de ordem técnica e não conceitual – nesse quesito está, inegavelmente, de parabéns. A música dos gaúchos da IMPERIAL MOON está cortada. Os seis minutos de “Dark Forever” foram resumidos, sem querer, é claro, a apenas sessenta segundos da sua introdução.

Site: http://www.anaitesrecords.com

Track-list:

01. Soul Sick (Chemical Disaster)
02. Viúva Negra (Prellude)
03. Soldado da Morte (Abuso Verbal)
04. Suicide (Silver Cry)
05. Sickly Psychological Profile (Predatory)
06. Llanto Del Desierto (Tendencia)
07. The Real Killers (Evil Grave)
08. The Skyes Falling Down (Legacy)
09. Slow Death (Thor’s Sons)
10. Roswell (Skull and Bones)
11. Metal Poisoning (Stodgy)
12. Last Words of a King (Shadowings)
13. Creatures of God (The Jokke)
14. Alone in the Dark (Fire Angel)
15. Lies (Wildchild)

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