domingo, 21 de setembro de 2008

O circo não pode parar

O ex-senador e ex-governador Nabor Júnior provavelmente, quando do exercício dos referidos cargos públicos, jamais imaginou que um dia viraria nome de boate. Nome de estádio de futebol, ainda vá lá que fosse. Mas de boate, com todas as características de local destinado à boêmia e ao consumo de álcool, “nananinanão”. Nem nos mais improváveis delírios.
Pois foi isso que acabou acontecendo, conforme constataram os integrantes da crônica esportiva e os torcedores acreanos nessas duas últimas semanas de jogos do campeonato estadual, realizados no aprazível e simpático município de Senador Guiomard. A iluminação do estádio é tão ruim, mas tão ruim mesmo, que só pode tratar-se de uma casa noturna.
Não bastasse isso, talvez nem mesmo se possa chamar de gramado o piso onde os atletas tentam desenvolver as suas jogadas. Se não chover, talvez dê para enganar, mas basta um chuvisqueirinho de nada para o suposto campo de jogo ficar absolutamente impraticável. Muito mais para chiqueiro, dizem os exaltados de toda espécie, do que para “tapete verde”.
A lama, aliás, não é privilégio do retângulo do jogo. Os arredores do estádio (?) parecem mais um pedaço de mangue pernambucano do que alguma coisa que lembre um estacionamento. O pessoal do Buerão sabe muito bem do que eu falo. Ficaram todos enlameados quando um cidadão acelerou o carro. E isso porque estavam no último degrau da arquibancada.
Você, leitor, pode dizer que a iluminação e o lamaçal são detalhes muito pequenos para quem é apaixonado pelo rolar da bola (antigamente ela era chamada de “Deusa Branca”). Mas aí eu lhe digo: a coisa dentro das quatro linhas não foi tão melhor assim. Duas sonolentas peladas, repletas de bolas chutadas para o lado onde o nariz dos “profissionais” apontava.
Mas também, pensando bem, essa rodada do meio da semana, além do fato de ser jogada no período chuvoso, tinha tudo para não dar mesmo certo. A começar pela desproporção de servir um galo magro, raquítico, só o sobrecu e a catinga, para o jantar de um leão faminto, alimentado nos últimos dias a base de amendoim. Não podia dar certo de jeito nenhum.
E quanto ao jogo de fundo, segundo os analistas mais categorizados, mais uma vez, para variar, tomaram a hóstia da boca do São Francisco. Coisa mais feia essa de tomar hóstia da boca de santo... Continuando nessa sina de perder uma e ser derrotado na outra, a única chance do time católico jogar o segundo turno é contratar as orações de um padre velho. Só assim.
É isso. Hoje tem mais uma apresentação do circo mambembe do futebol acreano. Eu vou estar lá, de radinho no ouvido e binóculo nos olhos, conferindo tudo de pertinho. Tomara o locutor da Arena da Floresta lembre de avisar para o público não “jogar lixo no gramado”. Mas é bom pedir também para alguém tirar o lixo que já estiver lá dentro. Cada coisa...
Publicada no dia 6 de abril de 2008

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